Pais e Gravidez: Empatia e Inexperiência

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Há homens que se fazem presentes e parceiros, mas, por falta de experiência, não sabem ao certo como lidar com a gravidez da companheira. E há também aqueles que se envolvem tanto que, por vezes, relatam sentir os sintomas da gravidez.

Para falar sobre a relação dos homens com a gestação e a paternidade, conversamos com o Dr. Alberto D’Auria, obstetra da Pro Matre Paulista.

“Quando um casal tem uma sintonia de convívio e de ideias, com o passar do tempo um consegue saber o que o outro está pensando ou sentindo”, diz o médico. “Quem tem essa experiência sabe que não é preciso falar para que o outro entenda o que quer”, complementa.

Isso explicaria o porquê de alguns homens também sentirem a gestação, comenta o obstetra: “pensando dessa forma, quando o elo de ligação entre o marido e a gestante é muito forte, o homem sente os sintomas da gravidez de forma clara e passa a ter modificações comportamentais e físicas semelhantes às da parceira”.

“Muitos ganham peso, têm náuseas e outros sintomas do período gestacional. Essa síndrome, chamada couvade, é muito frequente, porém recebe menos atenção, muitas vezes do obstetra e da família”, esclarece Dr. D’Auria.

O assunto é polêmico, afirma, mas já é reconhecido pela classe médica e suas causas são discutidas no terreno da psicanálise, da psicossomática, explica o obstetra.

“Na minha experiência, são mais suscetíveis à essa síndrome homens que desejam chamar a atenção durante o período gestacional por se sentirem abandonados”, avalia. “Homens filhos de famílias pequenas ou até mesmo filhos únicos têm mais chance de se comportarem assim”, diz.

E quanto ao papel do pai dentro deste novo contexto em sua vida? Homens mais presentes no ambiente familiar se tornaram referência na sociedade, como é o caso do ator Rodrigo Hilbert. Mas, por inexperiência, alguns futuros pais não dimensionam sua importância no processo, ficando dessa forma menos atuantes.

Existem dicas para que homens e mulheres que estão esperando um bebê se ajudem mutuamente durante a gestação?

Para o Dr. D’Auria, “não é fácil atravessar esse rito de passagem. Perder a mulher para ganhar a mãe do seu filho. E há as mudanças no contexto familiar, onde o homem perdeu seu reinado e suas prioridades”.

Ele avalia que, com a mudança no modelo, o comando familiar “agora ganha uma gestão participativa, tanto no direcionamento quanto no sustento dessa família.”

Por conta da mudança comportamental, analisa o médico, os homens passaram a “liberar o instinto de proteção da espécie – cuidando da cria – e não mais o instinto somente de preservação da espécie, se contentando somente em fornecer bons espermatozoides. Um modelo muito antigo”.


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