Crianças se afastam dos pais ao entrar na escola: mito ou verdade?
Mito. Acaba o período de licença maternidade da mãe e inicia-se outra fase com potencial para crise na família – a ida para a escola. Depois de alguns meses adaptando-se às novas rotinas trazidas pela chegada do bebê, a família precisa se reorganizar para encarar com naturalidade esse novo momento, sem dramas nem sofrimento.
“Primeiramente, deve-se avaliar o contexto familiar para fazer uma escolha criteriosa. É importante que qualquer que seja a tomada de decisão dos pais, eles se sintam seguros”, comenta a psicóloga Salete Arouca. Com a participação efetiva e maciça da mulher no mercado de trabalho, as crianças estão indo para a escola cada vez mais cedo, o que é absolutamente normal devido as circunstâncias da vida moderna.
Quando há possibilidade de manter a criança em casa até os dois anos e meio ou três anos, mais ou menos, há algumas vantagens. O pequeno adapta-se ao novo ambiente depois de, normalmente, já saber se comunicar, conseguindo expressar melhor suas necessidades e insatisfações. Outro benefício é a maior imunidade da criança nessa fase, menos frágil que bebês com menos de um ano.
Seja qual for o momento escolhido, a segurança na decisão é fundamental. “O importante é que essa decisão seja tomada quando os pais, principalmente a mãe, consiga alcançar o equilíbrio entre o emocional e o racional, pois somente dessa forma ambos ficarão tranquilos em deixar a criança na escola e transmitirão essa calma ao pequeno”, acrescenta Salete.
A mãe assume um papel destacado nessa fase por dois motivos. Primeiro, porque em geral é com ela que a criança passa a maior parte do tempo, principalmente se ela tiver amamentado o bebê nos primeiros meses de vida. Segundo, porque a mulher tende a reagir a situações como essa baseada mais na emoção que na razão, daí a necessidade de se equilibrar emocionalmente antes de matricular seu filho e iniciar o processo de adaptação na escola, berçário ou creche.
Superada essa fase de transição, os benefícios não tardarão a aparecer. A função socializadora da escola é fundamental para as crianças, em especial para as que têm pouca convivência com outras. “Lá, elas aprendem a ceder, cooperar, esperar, ter limites e emprestar. Essas habilidades serão desenvolvidas por educadores, de forma estruturada e dirigida para cada faixa etária”, comenta a psicóloga.
Uma dúvida recorrente dos pais refere-se às crianças que precisam ficar na escola em tempo integral, geralmente com temores que se sucedem. Primeiro, a dúvida: a criança vai se adaptar a ficar tanto tempo na escola? Depois, a insegurança: ele vai ficar tão acostumado com a escola, com os colegas e professores que vai se desinteressar da própria casa e da família? Salete tranquiliza os pais inquietos. “As crianças têm toda condição de se adaptar a um período longo dora de casa. O importante é que os pais preparem os pequenos, adaptando-os à nova rotina, começando com ‘doses homeopáticas’, ou seja, deixando a criança na escola cada dia por um período maior.”
A outra dúvida também se dissipa no ar. “A criança que fica na escola em período integral não vai ficar mais distantes dos pais. O importante é a qualidade de amor e atenção que os pais darão aos filhos quando chegarem em casa”, orienta Salete. Outro fator importante é manter algumas rotinas exclusivas para os pais, especialmente o momento do banho, pois esse contato e afeto são muito importantes para a criança.