COMO DESCOBRIR UMA MALFORMAÇÃO NA GRAVIDEZ?
Hoje é quase impensável engravidar e passar pelos nove meses de gestação sem realizar uma ultrassonografia, não é? Mas a chegada do primeiro aparelho no Brasil tem cerca de 50 anos apenas.
As primeiras aplicações eram focadas em avaliar questões mais básicas, como avaliar o número de fetos, a posição, a placenta e o líquido amniótico. Com o passar do tempo, o cálculo de peso e detalhes adicionais da formação começaram a ser possíveis de avaliação.
Atualmente, a realização da ultrassonografia durante o pré-natal tem inúmeros objetivos, mas dois deles são muito importantes. O primeiro é a avaliação da vitalidade fetal durante toda a gestação. A ultrassonografia permite avaliar o crescimento do feto, a dopplervelocimetria (avaliação de fluxo sanguíneo nos tecidos e órgãos) e parâmetros de vitalidade como movimentação e líquido amniótico. O segundo objetivo principal é afastar a presença de malformações fetais.
A pesquisa para malformações ocorre prioritariamente em duas fases da gravidez. Ao final do primeiro trimestre, entre 11 semanas e 4 dias e 14 semanas e 1 dia de gestação, é o momento da realização da ultrassonografia morfológica de primeiro trimestre. Este exame, numa avaliação combinada entre fatores maternos (idade, histórico de gestações anteriores) e fatores fetais (transluscência nucal, osso nasal e ducto venoso, entre outros) analisa o risco de alterações cromossômicas. Além desta análise, o exame também consegue afastar algumas malformações graves.
No segundo trimestre, entre 20 e 24 semanas de gravidez, a ultrassonografia morfológica vai ser focada na avaliação da formação adequada dos órgãos e sistemas. É nesse momento que será feita a avaliação minuciosa da formação das estruturas, buscando afastar as malformações maiores e menores. São avaliados diversos pontos do desenvolvimento cerebral, cardíacos, renal, parede abdominal, entre outros. É neste momento que a grande maioria dos diagnósticos de malformações são realizados.
A grande importância dos exames minuciosos e corretamente realizados é que, nesta fase, alguns diagnósticos serão feitos. Atualmente o diagnóstico precoce das malformações permite a correta investigação da causa, das implicações e até mesmo indicação de cirurgia para alguns casos.
Após estas duas fases principais, ainda temos dois outros exames que podem auxiliar no diagnóstico de malformações. A ecocardiografia fetal, realizada entre 24 e 28 semanas de gestação, tem enfoque nas malformações cardíacas e atualmente é realizada na grande maioria das gestações. A neurossonografia fetal é realizada entre 28 e 32 semanas de
gestação, tem enfoque nas malformações do sistema nervoso central e atualmente é feita apenas com indicação.
Assim, o diagnóstico das malformações gira em torno de 85-90% com a realização destes exames e permite um correto aconselhamento, programação de parto e local de nascimento, além de abrir a possibilidade de tratamentos até mesmo durante a gravidez.