Gestação gemelar e cuidados

Hoje em dia, a cada 30 mulheres que engravidam, uma delas terá uma gestação de gêmeos. Com a sua descoberta, vem a necessidade de um pré-natal bastante cuidadoso, devido à maior chance de complicações. A gestante tem maior risco de apresentar pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, trombose venosa e anemia. Quanto aos bebês, há 60% de chance de nascimento prematuro, 10% de chance de restrição de crescimento, além de maior risco de óbito intrauterino e de malformações.

O primeiro passo é saber se cada bebê tem uma placenta (gêmeos dicoriônicos) ou se ela é dividida entre ambos (gêmeos monocoriônicos), o que pode ser descoberto já na ultrassonografia do primeiro trimestre. Isso irá determinar a frequência das ultrassonografias ao longo da gestação, já que os monocoriônicos podem apresentar complicações específicas, como a síndrome de transfusão feto-fetal, situação que traz alto risco de óbito dos fetos e perda da gestação quando não diagnosticada e tratada oportunamente. Os gêmeos monocoriônicos devem ser avaliados quinzenalmente por ultrassonografia com doppler realizada por especialista em medicina fetal experiente, das 16 semanas até o final da gestação.

Já os dicoriônicos sem complicações poderão ser avaliados mensalmente. Como a chance de malformações é maior, é imprescindível a realização dos morfológicos de primeiro e segundo trimestres, e também do ecocardiograma fetal. Apesar de todas as grávidas de gêmeos terem aumento do risco de trabalho de parto prematuro, é possível detectar o grupo em que este risco é ainda maior, pela medida do colo uterino na ultrassonografia transvaginal durante o segundo trimestre.

Por fim, é importante definir quando será o parto, já que depois de certa idade gestacional o risco de óbito dos bebês torna-se maior do que o benefício de prosseguir com a gestação. Nos bebês com placentas separadas, isso gira entre 37 e 38 semanas. Já nos monocoriônicos, o parto é recomendado com 36 semanas. Caso os bebês também dividam a mesma bolsa, o parto não deve ultrapassar as 34 semanas. Dependendo da presença de complicações, pode ser necessário realizar as ultrassonografias com intervalos ainda menores, e antecipar ainda mais o parto.


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